segunda-feira, 29 de novembro de 2021

AFORISMO

 

Felicidade não me geram bons textos. Eu pensei em parar pela manhã para escrever sobre sensações eufóricas, sobre leveza da alma nua cantarolando no meio da sala, mas estava tão absorta andando nas nuvens que o momento escapou e ao cair do dia, passada a adrenalina, os pés pesaram arrastados o caminho de volta para o chão de onde saiu e assim, lentamente o corpo cansado do bailar do dia senta-se e rascunha palavras melancólicas que acredita que ninguém vai ler.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Hora de parar




Não vai ter nossas iniciais no tronco da árvore

Talhei um coração, mas dentro está vazio

 


quarta-feira, 24 de novembro de 2021

NA IDEIA, TUDO É POSSÍVEL

    Já gostei muito de Platão. Ligava "mundo das ideias" ao "mundo ideal" como se fossem a mesma coisa. Não são.

   A imaginação pode ser traiçoeira e te fazer acreditar em coisas que não são reais, mas você sente como se fossem, seu corpo reage. A ciência explica que o cérebro não sabe a diferença: assim é (se lhe parece)" já diria Pirandello.

   Eu criei um mundo ideal. Era uma realidade alternativa em que eu era livre novamente para me lançar em sonhos que me aqueciam o coração. Na verdade, começou assim, num sonho.

   Fiquei ali, meio Alice no país das Maravilhas, encantada a tal ponto que não sabia mais distinguir o que era sonho e o que era realidade.

   A parte boa é que uma hora a gente acorda ou acordam a gente (não se pode dormir para sempre).

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

DOCE CHUVA

Foi algo no ar que a chuva trouxe. Aquele aroma de terra molhada e vento arrepiando minha nuca. A natureza trazendo sua bela e gloriosa tempestade mais uma vez, mas desta vez eu aprecio com a companhia de uma caneca de café e um pedaço de chocolate.

Estava certa. Não era hora de atravessar o rio. Ainda mais em uma canoa tão frágil (onde estava com a cabeça quando cogitei tal ação?) e talvez do outro lado, ao invés de um porto seguro, encontre pântano e me afunde na chegada.

Então, decidi aceitar que existem coisas que não posso mudar (como a hora da tempestade), mas a forma como eu a enxergo eu posso ter o mínimo de atitude resiliente porque tempestades não são "boas" ou "ruins", são necessárias e estas de novembro têm me deixado quase doente. Mas não desta vez... Desta vez, olho pra ela e não sinto calafrio, dor no peito. No momento em que aceitei o que se passa, consegui enxergar a beleza de cada raio e trovão que rasga o céu, como um lembrete de que tudo passa. Se ainda não passou, vai passar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Nem tudo foi dito

 Às vezes gostaria de usar as palavras como uso tinta. Camadas de cores sobrepostas, mas que fazem sentido, não se embaralham. Só estão ali se complementando... construindo sentido. Palavras perdem-se quando vou proferi-las. Talvez, eu dê mais importância a elas do que dou às tintas para ter tanto receio de lhes invocar, as vezes acontece. Sensações, sabores, sons e cheiros captados em uma imagem-memória... uma narrativa visual que as palavras não dão conta e mais um talvez aqui para dizer que deve ser por isso que não escrevo/digo tudo, até porque elas me faltam. São Senhoras poderosas que me emudecem vez ou outra, por me parecer ser indigna de responder qualquer coisa a altura que não seja com o meu silêncio, um sorriso e uma paleta de cores rubras tingindo minha face.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Manhãs de novembro

Em menos de 24h, o tempo fechou. Minhas palavras ecoaram no vento frio e parece que levaram consigo um pedaço de mim também.

Voltei para a margem do rio e de onde estou, o horizonte não está claro. Mal consigo ver, mas percebo que se forma uma tempestade (vi os relâmpagos cortando o céu cinza anunciando a trovoada iminente).

Não sei se minha canoa é forte o suficiente pra encarar estas águas sem ir pro fundo ou se espero a tormenta passar.

Eu sei que faz sol do outro lado e eu só queria um pouco dele para me aquecer agora nesta manhã fria de novembro.



quarta-feira, 3 de novembro de 2021

BRISA

 As vezes, ao anoitecer, se eu mergulhar fundo nas sombras, posso me perder em pensamentos que tentam me afogar. Mas seguro a respiração ao máximo que posso e espero amanhecer para submergir e respirar novamente com o sol que todas as manhãs surge com sua cor vibrante, tipo cor de tangerina e me ilumina, me renova. Então, respiro, suspiro e sinto a brisa no rosto perfumada de lembranças.

Subo em minha canoa, aprumo os remos...

Olho no bolso - a bússola está quebrada. Vou ter que esperar anoitecer e me guiar pelas estrelas. Se estivesse ao meu lado, talvez fosse mais fácil, mas esta jornada preciso fazer sozinha, pois algo me diz que no porto onde vou me sentir segura, estarás lá para me receber.