segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

LUA CHEIA

Vestida de prata como a lua cheia

Assumi os remos, joguei-me a navegar

O caminho iluminado 

com estrelas a me guiar


Os ventos sopraram a favor

Sem esforço,

segui a rota traçada 

no céu cintilante como aurora


Estava lá o tempo todo

Esperando a virada da maré

A tempestade passar

Para conseguir enxergar


Na outra margem

Não havia pântano

Encontrei porto seguro

Encontrei um chão 

florido 

de girassóis,


O beija-flor

mais encantador

voo até mim

Um presente trazido

pelo amanhecer.

Em suas asas,

sonhos reais

Ágil como só ele

Cuidou de construir morada

E agora estou em casa

sábado, 7 de maio de 2022

Lua Crescente

Em segundos,

mergulho no oceano 

dos teus olhos cor de rio

Um portal que atrai, 

encanta

faz-me perder noção de espaço-tempo,

querer morar naquele instante

hipnótico

Acorda um universo inteiro 

que sinto brilhar

em caleidoscópio

onde acreditava existir um coração cansado

 

Vestida de estrelas de todas cores,

aguardo a visita do astronauta que me despertou

Leia-me

Decifra-me

Sem mapa

Sem bússola

Apenas venha

É tempo de lua crescente

Leve-me para passear


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Caderno cor de papiro

 Minha companhia são as palavras

escritas em um caderninho cor de papiro,

páginas amareladas,

lembrando coisa antiga,

coisa do passado

Era pra ser passado, 

ter passado...

Pergunto-me por quê tudo se faz tão presente

[ainda]

Não sei até quando

Não sei se suporto,

Não quero entender

Preciso gritar e não consigo

Quis tomar comprimidos

Não sou de fumar, mas queria um cigarro

 

Cavou fundo até encontrar no profundo,

sentimentos que emergiram, expandiram...

Com a mesma rapidez que assim o fizeste,

peço que os enterre

Melhor, 

farei isto com minhas próprias mãos

Cravei um punhal no coração uma vez

Creio que ainda esteja lá

Assim, fica mais fácil

parti-lo ao meio de vez

e me livrar de qualquer resquício

de ilusão que um dia morou ali

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Sinto: muito

Odeio me sentir frágil

Odeio me sentir vulnerável

Odeio chorar

pelo mesmo motivo

várias vezes

Não aprendi a lição na primeira vez

Salto no abismo

sem paraquedas dá nisso

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

PERFUME EM FLOR

 As notas perfumadas se foram.

No lugar, o vazio silencioso e  d o r m e n t e

de algo que outrora fora tão vivo

E agora não passam de lembranças febris

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Lua Minguante

 


Forjei um lindo punhal em prata como a lua

com destino ao coração

Cravei-o

E o sangue escorre quente ainda entre meus dedos

O coração ainda pulsa (sinto)

Nenhuma palavra é suficiente

Olhos vazios,

mente turva

 

Rios de lágrimas a jorrar

no vermelho que brota do peito

Tentativa vã de cicatrizar a irreparável

Dor

Minguante, meu punhal da lua achou morada

 

Máscara, luvas e capas

a cobrir manchas nas vestes

que não faço questão de apagar

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Sem som

Compus uma canção e não finalizei. Eu pensei que fosse uma pessoa corajosa. Que tudo o que meu coração gritasse para mim eu saberia escutar como uma bela canção e seguiria o som ao infinito, bailando e flutuando em suas notas inebriantes que fazem sonhar.

Tenho monstros dentro de mim também e eles apareceram para me visitar. Então, fica mais difícil seguir a melodia certa quando há interferência dessas criaturas puxando-me para baixo. Neste cenário, de mundo invertido, estilo Stranger Things, eu não sei compor. Estou do avesso...