domingo, 26 de dezembro de 2021

VÃ FILOSOFIA

 

Nietzsche disse que o que não mata, fortalece. Que grande tolice. Sempre se morre aos pouquinhos e se transformar no processo não significa que você está mais forte ou superou, mas que mudou – considerando que a morte não é o fim, mas o encerramento de ciclo.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

PAUSA PARA OBSERVAR

    Costumo dizer que sou uma pessoa das águas. Este elemento me renova o espírito. Adoro rio, igarapé, cachoeira, mas tenho um encanto quase secreto pelo vento.

    Em dezembro, aqui costuma chover bastante e acabei lembrando que adoro pegar a estrada quando em uma ventania só para observar o entremeio das nuvens tomando forma de chuva, as folhas mortas caindo das árvores e sendo varridas para longe.

    É como se fosse a vassoura do planeta. Passa levando tudo que está solto ou o que não estava firme em suas raízes. Quando posso, gosto de sentir esse frescor "pré-chuva" no rosto. Nosso clima quente-úmido, trás a sensação de quase respirar água (umidade chega facilmente aos 95%), me sinto quase um peixinho fora d'água com pernas - ou seria dentro d'água? À esta ventania refrescante equatorial chamo carinhosamente de "vento de rio". Quando não estou perto do rio e o sinto, é como se estivesse recebendo um beijinho na face em forma de lembrete: "nos veremos em breve". 

    Fecho os olhos, alguma melodia imaginária toca em minha cabeça e agradeço o afago com um sorriso.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Você consegue ouvir?

 

   Como podem perceber, o escrito de hoje não será tão bom. Textos felizes podem não parecer interessantes para quem está acostumado a ver ultimamente por aqui palavras ácidas, talvez um pouco pessimistas ou levemente amarguradas.

   Estou estranhamente bem, apesar de estar sentindo a necessidade de fazer isto na madrugada, mas só porque agora que consegui um espacinho de tempo para falar sobre o que reverbera de bom ultimamente no meu existir. Estou sob efeito de ondas sonoras. Não dá pra ver, mas quando a frequência está alta, a gente consegue ouvir o coração como se fosse saltar do peito, a pele arrepia com sua intensidade e quando a gente sintoniza com a música certa... É magia pura. Faz dançar até quem julga ter dois pés esquerdos

   Uma curiosidade para quem não lembra mais das aulas de física: uma característica básica das ondas sonoras é a sua tridimensionalidade, pois possui a capacidade de se difundir [o seu efeito onda] em todas as direções e ocupam todo o espaço. Ou seja, não existe vazio.

   Isto tudo pra dizer que ouvi uma música que me preencheu, atravessou cada espacinho das minhas células e átomos. Estou parando para ouvir com atenção esta canção porque ela é daquele tipo rara, que não se encontra todo dia por aí e te transforma, inspira e faz querer colocar no modo repeat. Sinto necessidade de a ouvir todos os dias agora, principalmente em minhas manhãs, como uma espécie de amuleto da sorte de que o dia findará bem.

     Então, encontrar a sua canção, parece ser questão de saber ouvir o que faz vibrar seu coração. Escute.


 

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

AFORISMO

 

Felicidade não me geram bons textos. Eu pensei em parar pela manhã para escrever sobre sensações eufóricas, sobre leveza da alma nua cantarolando no meio da sala, mas estava tão absorta andando nas nuvens que o momento escapou e ao cair do dia, passada a adrenalina, os pés pesaram arrastados o caminho de volta para o chão de onde saiu e assim, lentamente o corpo cansado do bailar do dia senta-se e rascunha palavras melancólicas que acredita que ninguém vai ler.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Hora de parar




Não vai ter nossas iniciais no tronco da árvore

Talhei um coração, mas dentro está vazio

 


quarta-feira, 24 de novembro de 2021

NA IDEIA, TUDO É POSSÍVEL

    Já gostei muito de Platão. Ligava "mundo das ideias" ao "mundo ideal" como se fossem a mesma coisa. Não são.

   A imaginação pode ser traiçoeira e te fazer acreditar em coisas que não são reais, mas você sente como se fossem, seu corpo reage. A ciência explica que o cérebro não sabe a diferença: assim é (se lhe parece)" já diria Pirandello.

   Eu criei um mundo ideal. Era uma realidade alternativa em que eu era livre novamente para me lançar em sonhos que me aqueciam o coração. Na verdade, começou assim, num sonho.

   Fiquei ali, meio Alice no país das Maravilhas, encantada a tal ponto que não sabia mais distinguir o que era sonho e o que era realidade.

   A parte boa é que uma hora a gente acorda ou acordam a gente (não se pode dormir para sempre).

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

DOCE CHUVA

Foi algo no ar que a chuva trouxe. Aquele aroma de terra molhada e vento arrepiando minha nuca. A natureza trazendo sua bela e gloriosa tempestade mais uma vez, mas desta vez eu aprecio com a companhia de uma caneca de café e um pedaço de chocolate.

Estava certa. Não era hora de atravessar o rio. Ainda mais em uma canoa tão frágil (onde estava com a cabeça quando cogitei tal ação?) e talvez do outro lado, ao invés de um porto seguro, encontre pântano e me afunde na chegada.

Então, decidi aceitar que existem coisas que não posso mudar (como a hora da tempestade), mas a forma como eu a enxergo eu posso ter o mínimo de atitude resiliente porque tempestades não são "boas" ou "ruins", são necessárias e estas de novembro têm me deixado quase doente. Mas não desta vez... Desta vez, olho pra ela e não sinto calafrio, dor no peito. No momento em que aceitei o que se passa, consegui enxergar a beleza de cada raio e trovão que rasga o céu, como um lembrete de que tudo passa. Se ainda não passou, vai passar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Nem tudo foi dito

 Às vezes gostaria de usar as palavras como uso tinta. Camadas de cores sobrepostas, mas que fazem sentido, não se embaralham. Só estão ali se complementando... construindo sentido. Palavras perdem-se quando vou proferi-las. Talvez, eu dê mais importância a elas do que dou às tintas para ter tanto receio de lhes invocar, as vezes acontece. Sensações, sabores, sons e cheiros captados em uma imagem-memória... uma narrativa visual que as palavras não dão conta e mais um talvez aqui para dizer que deve ser por isso que não escrevo/digo tudo, até porque elas me faltam. São Senhoras poderosas que me emudecem vez ou outra, por me parecer ser indigna de responder qualquer coisa a altura que não seja com o meu silêncio, um sorriso e uma paleta de cores rubras tingindo minha face.