Uma árvore não muda de lugar. Nem por isso deixa de se transformar. O ambiente muda e lá está ela a preparar seus galhos e folhas para a próxima estação.
Chove lá fora.
A árvore? Da janela vejo-a tremular de frio ao empapar suas raízes com as águas de março (que hoje resolveu não cessar desde 5h da manhã)
É quase meio dia.
O vento frio da madrugada ainda permanece como se o sol ainda não tivesse dado o ar de sua graça.
O cheiro do feijão da mamãe a cozinhar, lembra-me que metade do dia já se foi [fome] e ainda nem tomei café.
Isso não me importa hoje. Acordei feliz e há dias em que nos damos tempo para o ócio – sem a preocupação de estar desperdiçando tempo, pois por vezes nos tornamos escravos dele (O Tempo!) como se fosse um Deus perverso que castiga quem não corre atrás e assim sentimo-nos na obrigação de sempre estar correndo atrás de algo e quando não temos esse algo, procuramos.
A esperteza está em sabermos o momento certo de desacelerar. Toda engrenagem precisa de reparos de vez em quando. Somos mais complexos que máquinas e nanotecnologias, então deveríamos fazer nossa “revisão interior” periodicamente para não corremos o risco de “apagão repentino”.
Mesmo com a chuva, a árvore sabe que pode contar com o sol para se aquecer quando a água deixar de cair do céu. Se não hoje (pois ainda chove), talvez amanhã ou depois. Há tempo de esperar. De certo, o verão brabo começa em julho, então, querida árvore, guardai reservas em suas raízes, pois tempo de secas virão. Cada coisa tem seu tempo.
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